sábado, 22 de setembro de 2012

Se Foi


A poesia se foi, quando fechei os olhos e minha solidão escorreu para fora de mim. 
Meu canto de foi, quando fechei os olhos, fora de mim.
O tempo se foi. 
Já se foi o tempo.
Tudo se foi.
E a minha alma se foi, quando fechei os olhos, sozinha.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Delírio

Eu recomeço, viajo, me esqueço. Eu entro em transe, ando, desapareço. Eu acordo, sonâmbula, em coma. Eu desisto, deito, durmo. Eu desapego, flutuo, fixo. Eu fico cega, mastigo meu castigo. Eu me silencio, grito, esperneio. Eu sinto, procuro, vejo. Eu me contradigo, minto, fujo. Eu penso, falo, escrevo. Eu apago, reflito, recomeço. Eu estava, estou, estarei. Eu quero, consigo, celebro. 

Se vejo, sinto, contemplo. Se sinto, toco, acaricio. Se toco, sufoco meu fôlego e beijo.

Eu realizo, faço, refaço. Eu me orgulho, demonstro, me encanto. Eu me arrepio, no frio, toda noite. Eu sei, sempre soube, sempre. Eu cubro, descubro e acoberto. Eu me encolho, te acolho, te olho. Eu brinco, eu jogo, me divirto. Eu aprendo, desaprendo e finjo. Eu só acordo se escuto, se preciso. Eu conheci, cresci, aceitei. Eu ganhei, quebrei, colei. Eu já tinha, escondia, vivia. Eu encontrei, relembrei, finalizei. Eu finalmente, superei, suspirei. 

Se sou, vivo, ajo. Se vivo, vou, alto. Se vou, te encontro, sempre.

Sinto ele se aproximando ao mesmo passo que o seu. 
Não tenho como negar, correr, fugir. Eu me entrego, aceito, espero. Ele chega, você chega. Sinto o toque, a mente, o comando. E inesperado, é instintivo, é isto. 
Arrepio sem vento. Acelero sem pressa. Aperto sem força. 


Meu delírio, me mata, descomeço.