quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Delírio

Eu recomeço, viajo, me esqueço. Eu entro em transe, ando, desapareço. Eu acordo, sonâmbula, em coma. Eu desisto, deito, durmo. Eu desapego, flutuo, fixo. Eu fico cega, mastigo meu castigo. Eu me silencio, grito, esperneio. Eu sinto, procuro, vejo. Eu me contradigo, minto, fujo. Eu penso, falo, escrevo. Eu apago, reflito, recomeço. Eu estava, estou, estarei. Eu quero, consigo, celebro. 

Se vejo, sinto, contemplo. Se sinto, toco, acaricio. Se toco, sufoco meu fôlego e beijo.

Eu realizo, faço, refaço. Eu me orgulho, demonstro, me encanto. Eu me arrepio, no frio, toda noite. Eu sei, sempre soube, sempre. Eu cubro, descubro e acoberto. Eu me encolho, te acolho, te olho. Eu brinco, eu jogo, me divirto. Eu aprendo, desaprendo e finjo. Eu só acordo se escuto, se preciso. Eu conheci, cresci, aceitei. Eu ganhei, quebrei, colei. Eu já tinha, escondia, vivia. Eu encontrei, relembrei, finalizei. Eu finalmente, superei, suspirei. 

Se sou, vivo, ajo. Se vivo, vou, alto. Se vou, te encontro, sempre.

Sinto ele se aproximando ao mesmo passo que o seu. 
Não tenho como negar, correr, fugir. Eu me entrego, aceito, espero. Ele chega, você chega. Sinto o toque, a mente, o comando. E inesperado, é instintivo, é isto. 
Arrepio sem vento. Acelero sem pressa. Aperto sem força. 


Meu delírio, me mata, descomeço. 

2 comentários:

  1. Esse finalzinho me deu um aperto no coração... parece que estava sentindo a mesma sensação do que estava sendo escrito. Me lembra também outras coisa muito legal.
    Curti muito :)

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    1. Que bom! A intenção dos meus posts é sempre transcrever o que estou sentindo. É muito difícil, mas às vezes a inspiração é tão forte que eu consigo chegar perto. Estou extremamente feliz em saber que consegui ir além e fazer você sentir o que eu sinti. Agora sei que estou no caminho certo... Obrigada!

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