terça-feira, 19 de julho de 2011

Cinema: Terror - Parte I

Manhã, tarde e noite. Sempre tudo era igual. A mesma rotina, com os mesmo rostos e as expressões. E isso cansava.
Mas aquele dia prometia ser diferente desde os primeiros raios de Sol. Ela sabia disso. E o que vivia nesse momento era apenas uma confirmação. 

Se pudesse não levantaria da cama hoje.
[Malditas obrigações diárias!]

Uma infeliz emergência do trabalho a obrigou a ir àquele lugar. 
O cheiro era uma mescla de mofo, poeira, sangue e... e... algo estragado (?!).
Tantas noites sem sono devem tê-la deixado um pouco fora de foco. Esvaziou os pulmões e inspirou fundo. Por pouco não vomitou. Não foi o cheiro, mas sim aquela visão abominável. Nunca pensou que passaria por aquilo quando, aos seis anos, decidiu se tornar detetive.

Naquela época parecia uma empolgante aventura. Hoje ela não dorme e terríveis pesadelos a atormentam sempre que fecha os olhos. 
[Malditos pesadelos!]

Com toda certeza ela não queria ter que se aproximar daquilo nem mais um centímetro, ao contrário; ela queria fugir dali para uma tranquila casa no campo, longe de qualquer indício de fumaça, carros, mistérios ou sangue.Mas sabia que tinha que se aproximar, era o seu trabalho, o seu dever.

Tampou o nariz com uma das mãos e muito lentamente foi se aproximando. Nem acreditava no que estava fazendo. Depois de muitos passos, demasiadamente pequenos, agachou-se perto do que ninguém conseguiria identificar a menos que soubesse como era aquele ser antes da morte. Ela acreditava que fosse uma pessoa, mas não queria acreditar.

Foi informada de que o legista iria se atrasar. 
[Maldito trânsito!]

Aos poucos foi decodificando o que via, baseando-se no corpo humano. 
Havia muito sangue e o cheiro de ferrugem que invadia seus pulmões estava deixando-a tonta. Parecia que ele havia usado um moedor de carne dessa vez. Ela encontrou parte do que podeira ser o couro cabeludo e pelo tamanho e mechas do cabelo deduziu que a vítima era uma mulher. O que estava dizendo? Aquela com certeza deveria ser uma garota adolescente, nenhuma mulher pinta o cabelo de verde. Ao menos era o que ela achava...

As entranhas pareciam ter sido esmagadas por alguma coisa muito pesada e aparentavam estar grudadas no chão de madeira podre e carcomida pelos cupins. Até os cupins deveriam estar assutados àquela altura. 
Ela pensou que aquilo daria um pouco de trabalho à equipe. Não importa.

"Ah, droga. já é a 6 vez que isso acontece só esse mês. Eu tenho que encontrar ele e... Espere..." 

Ela prendeu a respiração. Há algo errado. Não havia nenhum som. Toda a sua equipe está logo ali fora, mas ela não escutava a voz de nenhum deles. Nem mesmo um sussurro mínimo. Apenas a sua respiração forte.

Um momento... Pânico! Ela havia prendido a respiração como poderia...

Levantou em um pulo e olhou assustada ao redor. Naquela maldita escuridão não conseguia ver quase nada e estava no lugar mais iluminado de todo o ambiente. A respiração estava tão alta e forte. Ofegante. Parecia estar cheia de excitação. Parecia estar... ATRÁS DE VOCÊ!

Ela rapidamente desviou de algo que se moveu com fúria em sua direção, mas quando se recompôs já era tarde demais. Foi atingida pelas costas por uma maldita marreta enormemente pesada e, nos milésimos de segundos que a separavam do chão, se despediu do seu olhar empolgado de criança de seis anos, se despediu da sua esperança, se despediu da sua vida.

Pouco tempo depois a escuridão era um alívio. E o silêncio uma dádiva.

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